Ela era um personagem, uma criação, mas apesar disso era real e tinha história, valores, pecados e, além de tudo, um corpo. Este era seu só às vezes, mas o importante é que tinha. Seu nome era Soraia e a sua história começa em uma tarde fria, quando Leandra resolve que por esse nome se chamaria e que era filha de uma casal argentino - que se conheceu dançando tango. Nasceu no Brasil e foi trocada na maternidade, como nos casos famosíssimos que eram notícia nos jornais. Sim, Soraia tinha sangue argentino e isso explicaria a tamanha facilidade com que 'hablava español'. Ela não gostava de legumes, e preferia comer salgados a comer doces, além de sempre querer estar em 'boa forma', como as artistas de televisão diziam.
Leandra tinha 12 anos, Soraia tinha 23. Leandra, em frente ao espelho, olhava o reflexo de seus olhos escuros até que encontrasse a luz de Soraia. Elas se olhavam e se analisavam, se preparando pra serem uma só e após isso, se tornavam supremas e inatingíveis.
Sentado em uma cadeira, o corpo escrevia composições a quatro mãos. Nome e heterônimo atuando em um mundo diferente, poético e extremo. Elas conversavam, convergiam e divergiam até que chegassem a um ponto em comum, ao ápice do sublime, o máximo e o melhor que podiam fazer.
Não há quem diga que Soraia não era real. Claro que era. Leandra é que tinha uma existência forçada, era obrigada a ser e estar, enquanto a existência de Soraia era opcional, quando queria ser, era e pronto. Tantas foram as vezes em que Leandra procurou por sua metade, querendo ser deusa outra vez, mas não a encontrou em nenhum ponto de seus olhos escuros. Sendo assim, ia dormir sem provar da deidade naquela noite.
Carpe diem
Leandra tinha 12 anos, Soraia tinha 23. Leandra, em frente ao espelho, olhava o reflexo de seus olhos escuros até que encontrasse a luz de Soraia. Elas se olhavam e se analisavam, se preparando pra serem uma só e após isso, se tornavam supremas e inatingíveis.
Sentado em uma cadeira, o corpo escrevia composições a quatro mãos. Nome e heterônimo atuando em um mundo diferente, poético e extremo. Elas conversavam, convergiam e divergiam até que chegassem a um ponto em comum, ao ápice do sublime, o máximo e o melhor que podiam fazer.
Não há quem diga que Soraia não era real. Claro que era. Leandra é que tinha uma existência forçada, era obrigada a ser e estar, enquanto a existência de Soraia era opcional, quando queria ser, era e pronto. Tantas foram as vezes em que Leandra procurou por sua metade, querendo ser deusa outra vez, mas não a encontrou em nenhum ponto de seus olhos escuros. Sendo assim, ia dormir sem provar da deidade naquela noite.
Carpe diem