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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Quem?

Esta sou eu, que começo a falar de sentimentos e termino falando de pessoas.
Não sou a mesma.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

"rituale"

Era balançando as pernas pra frente e pra trás que as ideias começavam a surgir, funciona como uma válvula, fazendo o corpo inteiro trabalhar de um jeito diferente. Era um ritual.
Assim, concentrada, era fácil lembrar datas, acontecimentos passados e mais passados, comparando-os e certificando-se cada vez mais de que a história é um ciclo, em que tudo acontece de novo, de novo e de novo até o fim... Que fim? Eis que surgia de repente o medo assustador da não existência, sentimento que fazia a jovem retornar ao ciclo da história, ignorando a possibilidade de não viver para sempre.
E as marcas? A vida, o mundo, as pessoas... Formaram nela o desenho de uma personalidade cada vez mais misteriosa. Quase conseguia tocá-las, mas, e se doessem outra vez? Seria fácil abstrair-se mais uma vez somente balançando as pernas para frente e para trás, mesmo no mundo paralelo criado apenas para as mais raras reflexões? Era esse o seu segundo medo: ver, tocar e sentir as cicatrizes sem poder voltar a fingir não tê-las novamente. Ela não se arriscaria tanto.
Adepta de desafios, criava coragem para retornar e ver a história correr pro mesmo rumo novamente, ignorando qualquer tentativa sua de mudar, e oferecer, sem dó nem piedade, mais uma parte de seu mundo já calejado pelos insanos.


Carpe diem.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Encantada

Andei refletindo: seres humanos são realmente encantadores. Imagine só, um corpo que funciona perfeitamente mesmo quando nem tudo está correndo como deveria? Mágico mesmo saber que como se dá o raciocínio, como tudo isso vira palavras e, principalmente, como entender a falta de palavras pra explicar um raciocínio. Eu mesma nem sabia como começar o assunto de como encontrar encanto em animais que se dizem racionais. Pois, veja você: eu encontrei. Claro que isso é ironia!
Um dia você acha que está fazendo tudo certo, você tem amigos aparentemente compreensivos, você tem com quem contar, você esbanja felicidade e ainda anda se gabando de nunca na vida ter sentido uma raiva muito forte de alguém... No outro, você se vê completamente desestruturada, se obrigando o tempo todo a controlar gestos, palavras e atos, tomando cuidado pra ninguém lhe ver quase chorando, rezando pra dia acabar logo: enfim, emocionalmente desequilibrada e sem ter com quem contar, porque, na verdade, as pessoas aparentemente compreensivas do início da história agora te viraram as costas e as outras te deixam de lado. Tá vendo? Pra piorar tudo, ninguém te olha de frente! E, quer saber, nem você mesmo quer olhar ninguém de frente! Não anda contando estrelas, nem cantarolando "Danúbio Azul"... Se toca mesmo que a vida não é um romance, que ela tá mesmo é te chamando pra briga e você tá doida pra brigar! Porém desiste, porque sabe que a maior parte da arquibancada vai estar torcendo contra.
Sigo em frente, mas não porque o Paulo Coelho diz pra fazer isso. Na verdade, eu não gosto de me sentir vítima, teria mesmo vergonha de figurar nesse polo. E, se aquela máxima de que "aqui se faz, aqui se paga" estiver mesmo certa, tudo será devidamente recompensado.
Encantadores mesmos, esses seres humanos!

quarta-feira, 14 de março de 2012

Estratégia

... e aí eu fico aqui e acolá, caminhando em paz, fingindo não perceber os sinais explícitos do movimento da História. Me satisfaço com as boas notícias, mas, ainda assim, faço de conta que não as ouço, só pra não quebrar a inércia de caminhar em paz.


Carpe diem.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

O que aconteceu, afinal? Estava tudo tão igual a todo dia, quando sem querer percebi não ser mais a mesma. Alguns segundos correram enquanto eu flutuava em meio a tal constatação, era um ritual sagrado em que eu saía da realidade complexa e pertencia exclusivamente àquela informação.
Então havia chegado o dia do ajuste de contas. Ela me disse que eu saberia quando esse dia chegasse, mas não me avisou da sensação de ter o coração reduzido ao tamanho de um grão de arroz. Dói.
E eu acredito que seja necessário. Trata-se da minha versão da vida sendo construída a cada dia e uma pá cheia de terra tentando afundá-la. Quero que o vento sopre nessa terra... Quero simplesmente viver em paz.



Carpe diem.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Simples

Só quero deixar bastante claro que, no momento, o que eu espero da vida é uma mensagem no celular a qualquer hora do dia. E digo mais: essa tal de vida tá me dando exatamente o que eu espero.

Carpe diem.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Algo maior

Novos acontecmentos me fazem respirar fundo. Ainda não conheço bem o signficado de tal ação, mas tenho teorias que vão desde a própria necessidade humana para o bom desempenho do organismo até a existência de um cheiro diferente em tudo que seja novo.
De qualquer forma, ando respirando fundo ultimamente e agradecendo pela rotina corrida de todos os dias. É de desafios que eu sou feita.


Carpe diem.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Das férias que não sei aproveitar

Estou de férias. Uma informação nem um pouco importante ao amigo que lê, mas, como um bom amigo, presta atenção porque é isso que os amigos fazem.

Eu, que não consigo viver sem responsabilidades, enchi meu semestre com disciplinas e atividades que as 24 horas do dia quase não suportavam. “Culpa tua, só tua”, dirão muitos. E eu sei disso.
Mas, reconheçam, eu não estaria tão aliviada e feliz agora sem as milhões de coisas que me ocuparam no semestre que passou. Ontem, depois de muito tempo, assisti televisão. Deixei a TV no mesmo canal que estava quando liguei e assisti a um filme próprio para adolescentes. Depois, li um livro de contos que estava em cima da minha mesa. Como já havia começado, continuei de onde tinha parado há meses, mesmo sem lembrar uma vírgula das outras histórias. E depois deitei sem fazer nada. Deu certa impaciência, admito, mas foi muito bom aproveitar o resto do dia de ontem assim, sem objetivos a alcançar. Pra mim, que sou alimentada por responsabilidades, foi a coisa mais radical que fiz em meses. Gostei, mas volto à rotina normal a partir de hoje.

Carpe diem.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Silêncio interno

Não havia sequer uma palavra que pudesse dizer. No entanto, havia muito a ser dito. O corpo estava cheio - tão cheio - que não conseguia descarregar aquilo que sentia. Respirou profundamente, mais uma vez, o que não funcionou, assim como em todas as outras tentativas.

Só restou, então, desistir. Apesar de não gostar, é isso que vem fazendo há anos. Então fica assim, cheio de palavras não ditas, sem saber por onde começar a esvaziar. Dormir, de novo? Não achava uma boa ideia. Queria estar inteiramente acordado quando explodisse.


Carpe diem

segunda-feira, 20 de junho de 2011

O jogo e a Dama

Ah! Aqueles dois pares olhos esnobes! Um tinha desde que nasceu; o outro adquiriu bem depois. “Foi a convivência”, diziam os mais observadores. O que eu sei é que os olhos do outro costumavam ser espertos, não esnobes.

O outro usava os olhos esnobes como se fossem seus. Mas não eram. Além do mais, onde já se viu repetir assim os defeitos alheios?

Mas não é do outro que falarei e sim do que já tinha os olhos esnobes desde que nasceu. Não era um grande jogador, ou corredor, ou dançarino, ou intelectual, ou poeta, ou cientista... Era somente portador de olhos esnobes, só não se sabe até hoje por quê.

Uma noite dessas, adquiriu um momentâneo vício de jogar cartas. Olhava por cima delas para dar um ar de pensativo, mas não estava pensando em algo que importasse no momento. As cartas tornaram-se, então, um enigma, e ele bem gostava de imaginar as respostas para os enigmas que criava.

Postas em ordem, elas não faziam o menor sentido. Mas era assim que deveria ser se quisesse ganhar o jogo. “Por quê?” Olhou-as e disse que iria ganhar. E ganharia porque dissera. Não que fosse hábito do destino aceitar tudo que dizia, mas digamos que...

Não conseguia se concentrar. Os outros esperavam por um movimento, uma cartada, uma vitória ou derrota. Uma mudança? Mas ele mudou, sim. Refletiu sobre cada carta e seus possíveis significados. Deuses? Personagens? Caráter? Cartas.

Olhou bem fundo nos olhos borrados, gastos, da Dama de Espadas. Gostou da imagem; quase sorriu. Correu para dentro de si e dormiu para o mundo externo. Ganharia a partida, mas antes conheceria aquela Dama. A escolhida.

Modificou sua posição no baralho para deixá-la mais exposta e então arremessou as cartas na mesa. Deixou o dinheiro ganho na partida, pegou a chave e saiu. Era daquilo que precisava. Ar, impulso e paixão. Uma Dama de Espadas modificou-lhe algo que havia dentro do corpo, mas não sabia localizar exatamente onde. E ele agora queria viver-se inteiro, todo modificado.



Carpe diem.