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quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Então é isso


Então é isso. As mãos agora se soltam e os corpos movem-se por si só.
É chegada a hora que achamos que nunca chegaria: o adeus. Alguns continuarão a se ver, mas não haverá o mesmo clima grupal de antes. E não é só dos outros que sentiremos falta. Sentiremos falta de nós mesmos, dos sonhos que abandonaremos no caminho. A partir de agora, só será levado em conta o que é importante. E as metas, se não largadas, serão deixadas pra depois.

Agora é cada um por si. Não terá uma coordenadora pra reclamar da bagunça. Nossos futuros professores não se importarão com atrasos, conversas paralelas, excesso de faltas ou atividades não feitas. Quem quiser, cresça. Evolua. Torne-se em cinco minutos o que você não foi em vários anos.
O período que passamos juntos foi bom. Houve brigas, intrigas, mal entendidos, caras viradas, olhares desviados... Mas essas coisas serviram para que subíssemos mais um degrau.
Creio que a dor não seja a da separação. A dor se faz porque sabemos que um dia deixaremos de sentir falta uns dos outros. O que dói é a sensação de tanto faz que surgirá em nossos corações.
Não peço que sintam falta, mas que não esqueçam o que vivemos e aprendemos juntos. Contem aos filhos, e netos, e bisnetos... Até porque fomos um bom exemplo de como NÃO ser uma turma unida. Alertem! Digam que façam o contrário.
Apesar dos pesares somos, sim, um grupo. Estivemos unidos por muito tempo. Só não queríamos reconhecer isto.
Então digo, desde já, que foi um prazer conhecê-los. Desculpem se fiz ou falei algo que magoasse. Vocês também estão desculpados por qualquer coisa que me fizesse mal. Um abraço a todos, pois de todos sentirei saudades.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

[Por enquanto, sem título]

Ela olhava pela janela. A paisagem que via nada tinha em comum com seus pensamentos. Distraía-se. Olhava para fora, via o que estava dentro. Nem parecia a mesma de outros tempos. Hoje, sim, podia dizer-se livre.
Seu coração batia tranqüilo agora. Não tinha mais a aflição, a ansiedade de outrora. Crescera muito em pouco tempo, por isso a agitação dos sentimentos.
Quem sou eu? Quase um anjo da guarda. Quase um protetor. Só não o sou completamente porque não pude protegê-la dos sofrimentos.
Mas águas passadas não movem moinhos. Hoje as feridas são cicatrizes que formam em seu espírito o desenho de uma personalidade limpa.


[Texto inacabado]

Quase Cisne

Um menino tocou a campainha e jogou por baixo da porta um envelope em branco com uma carta dentro. Alguém abriu e leu cuidadosamente o texto, que era exatamente assim:
Lugar Nenhum, 30 de fevereiro de 0000,

Prezado Alguém,
Este é o retrato de meu último devaneio antes de deixar o corpo. Quero que fique sabendo dos últimos acontecimentos depois da última vez que você a viu.
O que aconteceu naquela tarde mexeu muito com ela, fez na sua cabeça uma confusão sem fim. Um temporal de boas e más lembranças agitava seus nervos de tal forma que as lágrimas escorriam de seus olhos sem que ela soubesse o verdadeiro motivo de seu pranto. Foi pra casa.
Trancou-se em seu quarto como se nunca mais fosse sair, sentou-se na cadeira e manteve-se lá estática. Chorava, chorava e chorava, sangrando lágrimas doentes, tentando abortar idéias desgraçadas que só serviram para levá-la à borda de um precipício.
No auge do seu sofrimento a porta do banheiro abriu e de lá saiu o Destino. O seu Destino. Ela não o podia ver, mas, com certeza, percebeu que não estava sozinha na sua Torre de Marfim.
Então, como se ela pudesse ouvir, o Destino iniciou seu discurso:
_ “Sou o provedor de todas as coisas... Eu tenho o poder de fazer e desfazer tudo que acontece e realizo fatos porque sei o que vai acontecer no futuro.
Durante muito tempo eu venho fazendo da tua vida um inferno, mas não é por maldade. Espero que entenda meus motivos.
Sabes que as pessoas amadurecem com os piores momentos de suas vidas, mas você... Eu tentei fazer você deixar de ser uma menina pura para ser uma mulher inteligente... Eu tentei, mas a maior evolução da sua vida foi ter ficado exatamente do mesmo jeito. Agora estás aí sentada na maldita cadeira a tentar remover dores que nunca te darão paz.
Eu desisto... É uma atitude jamais tomada, mas teu futuro é só teu agora. Fazes o que quiseres, talvez seja até melhor.”
E após 72 horas de intensa reflexão, eis que surge o meio termo. Tinha o amor e o ódio face a face no seu íntimo atraindo-se e repelindo-se entre a inspiração e a expiração de um organismo cansado.
Tudo isso fez com que ela saísse do seu quarto abafado e fosse à varanda...
Ela morava no sétimo andar!
Abriu os braços, tentou levantar vôo, mas... Ainda era um passarinho novo, patinho feio, não sabia voar ainda...
Dizem que os cisnes cantam antes de morrer. Eu não sei, nunca tentei matar um pra testar.
Ela se foi como um cisne mudo. Era um passarinho novo e mudo: quase cisne... E depois de tudo isso o seu Destino virou um andarilho maluco a escrever cartas sem exigir resposta.
Adeus
...
P.S.: Não responda esta carta. Eu não quero ser testemunha de sua frieza quanto a tudo que aconteceu. Eu sei que se eu necessitasse de uma resposta ainda assim você não mandaria, mas entre o sim e o não eu prefiro evitar perda de tempo com lágrimas vencidas.


Nota da autora: que fique bem claro que eu não continuo com a mesma amargura de antes. Mas gosto de levar os olhos a esse texto de vez em quando.