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quarta-feira, 22 de junho de 2011

Silêncio interno

Não havia sequer uma palavra que pudesse dizer. No entanto, havia muito a ser dito. O corpo estava cheio - tão cheio - que não conseguia descarregar aquilo que sentia. Respirou profundamente, mais uma vez, o que não funcionou, assim como em todas as outras tentativas.

Só restou, então, desistir. Apesar de não gostar, é isso que vem fazendo há anos. Então fica assim, cheio de palavras não ditas, sem saber por onde começar a esvaziar. Dormir, de novo? Não achava uma boa ideia. Queria estar inteiramente acordado quando explodisse.


Carpe diem

segunda-feira, 20 de junho de 2011

O jogo e a Dama

Ah! Aqueles dois pares olhos esnobes! Um tinha desde que nasceu; o outro adquiriu bem depois. “Foi a convivência”, diziam os mais observadores. O que eu sei é que os olhos do outro costumavam ser espertos, não esnobes.

O outro usava os olhos esnobes como se fossem seus. Mas não eram. Além do mais, onde já se viu repetir assim os defeitos alheios?

Mas não é do outro que falarei e sim do que já tinha os olhos esnobes desde que nasceu. Não era um grande jogador, ou corredor, ou dançarino, ou intelectual, ou poeta, ou cientista... Era somente portador de olhos esnobes, só não se sabe até hoje por quê.

Uma noite dessas, adquiriu um momentâneo vício de jogar cartas. Olhava por cima delas para dar um ar de pensativo, mas não estava pensando em algo que importasse no momento. As cartas tornaram-se, então, um enigma, e ele bem gostava de imaginar as respostas para os enigmas que criava.

Postas em ordem, elas não faziam o menor sentido. Mas era assim que deveria ser se quisesse ganhar o jogo. “Por quê?” Olhou-as e disse que iria ganhar. E ganharia porque dissera. Não que fosse hábito do destino aceitar tudo que dizia, mas digamos que...

Não conseguia se concentrar. Os outros esperavam por um movimento, uma cartada, uma vitória ou derrota. Uma mudança? Mas ele mudou, sim. Refletiu sobre cada carta e seus possíveis significados. Deuses? Personagens? Caráter? Cartas.

Olhou bem fundo nos olhos borrados, gastos, da Dama de Espadas. Gostou da imagem; quase sorriu. Correu para dentro de si e dormiu para o mundo externo. Ganharia a partida, mas antes conheceria aquela Dama. A escolhida.

Modificou sua posição no baralho para deixá-la mais exposta e então arremessou as cartas na mesa. Deixou o dinheiro ganho na partida, pegou a chave e saiu. Era daquilo que precisava. Ar, impulso e paixão. Uma Dama de Espadas modificou-lhe algo que havia dentro do corpo, mas não sabia localizar exatamente onde. E ele agora queria viver-se inteiro, todo modificado.



Carpe diem.

sábado, 11 de junho de 2011

Flash de inspiração

Ele acreditava que era essa mistura de saudade, raiva e angústia que o levaria adiante... Pobre Carlinhos.



Carpe diem.